quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Motivação, objetivo e exercício.

Toda vez que algum dos meu alunos "reclama" que uma sessão de treinamento está difícil eu costumo responder usando a seguinte frase:

"Treinamento difícil! Vida fácil!"

Uma questão que me chama a atenção é por qual motivo duas pessoas "percebem a dificuldade" de uma mesma sessão de forma diferente?

Uma resposta que logo vem a nossa cabeça é que aquela que acha o exercício mais difícil deve ter um menor grau de condicionamento fisíco. Mas será que existem outras questões envolvidas?

Recentemente assisti a uma palestra realizada por uma pesquisadora da Universidade de Nova York chamada Emily Balcetis. Nessa palestra ela descreve dois estudos bem interessantes.

Estudo 1

66 adultos que visitaram um parque em Nova York, no verão, foram instruídos para estimarem a que distância  estavam de um cooler aberto contendo bebidas geladas e gelo.

Eles foram instruídos a usarem duas técnicas diferentes para fazer isso.

Na primeira, chamada atenção focada (AF), foi pedido que os participantes somente dirigissem sua atenção ao cooler e evitassem prestar atenção nos detalhes do ambiente.

Na segunda, chamada de atenção natural (AN), eles foram instruídos para dirigirem sua atenção ao cooler e aos detalhes do ambiente.

Os resultados mostraram que as pessoas que usaram a técnica AF estimaram estar a uma distância menor do cooler do que as pessoas que usaram a técnica AN.

Estudo 2

Neste estudo o objetivo foi avaliar se a AF poderia melhorar o desempenho na atividade física.

Para isso foram avaliadas duas variáveis, uma física e outra psicológica, foram elas:
* Velocidade de caminhada em um teste de 6 metros.
* Sensação subjetiva de esforço (SSE).

73 adultos foram novamente divididos em dois grupos, um usou a técnica AF e o outro a técnica AN para completarem a distância caminhando o mais rápido possível e também para estimarem que distância eles deveriam completar (a distância de 6 metros não foi informada).

Durante o teste cada participante deveria usar nos tornozelos uma sobrecarga igual a 15% do seu peso corporal.

Ao final do experimento os resultados demonstraram que as pessoas que usaram a técnica AF foram mais rápidas e tiveram uma menor SSE do que as pessoas que usaram a técnica AN.

Estes dados mostram que as pessoas que tiverem sua atenção focada no objetivo de uma sessão ou de um programa de treinamento podem permanecer mais motivados, assim como obterem melhores resultados. Mostram também que nossa percepção da "dificuldade" de uma exercício apresenta fatores físicos e psicológicos.

Outra ponto interessante destes estudos é que o professor e/ou treinador deve planejar objetivos para o programa de treinamento e para cada sessão de treino.

Carlinhos
treinmentocarlinhos@gmail.com

Nota: Quero agradecer a Dra. Emely Balcetis que me enviou uma cópia dos estudos, já que os mesmos ainda não foram publicados.