terça-feira, 12 de julho de 2016

Para diabetes é melhor comer 6x/dia do que 2x/dia?!

Se você fizer pesquisa rápida no Google sobre quantas vezes por dia devemos comer irá encontrar as seguintes afirmações:

“Uma ou duas são um desastre; se você não se alimenta pelo menos 3x você esta causando sérios estragos ao seu metabolismo. Fazer três refeições devidamente balanceadas e malhar adequadamente trará alguns resultados, mas metade dos resultados que teria com refeições completas. Se tiver naturalmente um metabolismo lento, você poderá ter dificuldades com apenas três refeições, causando estragos metabólicos.” [link]

“Devido à correria do dia-a-dia, falta de tempo, dificuldade de levar lanches de casa para o trabalho e muitas vezes a falta de opção de alimentos mais saudáveis, muitas pessoas continuam ainda fazendo apenas 3 refeições ao dia, aquelas básicas: café da manhã, almoço e janta. Muitas ainda nem café da manhã tomam, apena comem algo no meio da manhã. Mesmo que se fale muito nas entrevistas dadas por profissionais nutricionistas na televisão, jornais e revistas de que o mais correto é fracionar em 5 a 6 refeições ao dia, percebemos que esse é um hábito bastante difícil de muitas pessoas seguirem.” [link]

“Devemos fazer entre 5 e 6 refeições por dia, ou seja, uma refeição a cada 3 horas, não importa se objetivo é emagrecer, engordar ou manter o peso. As refeições do dia devem então ficar divididas da seguinte forma: Café da manhã; Lanche da manhã; Almoço; Lanche da tarde; Jantar; Ceia.” [link]

Porém um trabalho publicado [1] em 2014 na revista Diabetologia, que foi realizado em Praga na República Tcheca, demonstrou que em relação às pessoas portadoras de Diabetes tipo 2 é melhor fazer duas refeições diárias ao invés de seis. 

Esse trabalho teve como objetivo comparar os efeitos de um regime alimentar com 6 refeições diárias (A6) versus um regime de 2 refeições diárias (B2) sobre o peso corporal, conteúdo de gordura no fígado, resistência á insulina e outras variáveis.

Para isso 54 homens e mulheres entre 30-70, com  IMC entre 27-50 kg/m², portadores de diabetes de tipo 2 e usuários medicação para controle da glicose da sanguínea seguiram dois diferentes tipos de regimes alimentares hipocalóricos (A6 e B2) por 12 semanas (período total de 24 semanas). Qual dieta foi seguida por cada individuo nas primeiras 12 semanas e também no segundo grupo de 12 semanas foi determinada aleatoriamente (sempre 27 pessoas em cada grupo). A dieta de ambos os regimes tiveram a mesma quantidade de macro nutrientes e calorias (500 Kcal, 50–55% de carboidratos, 20–25% de proteínas e menos de 30% de gordura).

Os resultados demonstraram que o peso corporal e a gordura no fígado diminuíram em ambos os grupos, porém a diminuição destas variáveis foi mais significativa no grupo B2 do que no grupo A6. A sensibilidade à insulina amentou em ambos os grupos, porém a melhora do grupo B2 foi maior do que no grupo B6. A glicose sanguínea em jejum diminuiu no grupo B2, mas aumentou no grupo A6. Nenhum dos regimes alimentares gerou efeitos adversos.



Os autores concluíram que o regime alimentar, que permitia somente o café da manhã e o almoço, reduziu o peso corporal, a gordura no fígado e aumentou mais a sensibilidade à insulina do que um regime alimentar com a mesma quantidade calórica com seis refeições diárias. Os resultados sugerem que pacientes com diabetes tipo 2 em um regime dietético hipocalórico terão melhores resultados se ingerirem duas grandes refeições por dia ao invés de seis refeições menores.

As informações deste estudo não colaboram com as informações que são amplamente divulgadas por um significativo número de profissionais da saúde. Em relação ao tratamento do Diabetes a contradição entre as recomendações divulgadas e os dados científicos voltou a se repetir em 2015, quando foi publicado um importante trabalho [2] onde foram apresentados 12 motivos pelos quais é mais efetiva a restrições de carboidratos (low carb) do que das gorduras (low fat) para o tratamento efetivo do Diabetes.

O estudo realizado em Praga não se utilizou de um regime alimentar low carb e além de restringir as gorduras em menos de 30% das colorias totais, também restringiu a ingestão de gorduras saturadas em no máximo 7% e a ingestão de colesterol em 200mg por dia. Esse tipo de composição dos macro nutrientes de uma dieta não são os mais recomendados para o controle do diabetes [2] como também para o emagrecimento. O que de certa forma ressalta os efeitos positivos de períodos mais longos de jejum para diabéticos. 

Seria muito interessante que este estudo fosse repetido utilizando-se regimes alimentares de 2 e 6 refeições por dia, mas com um composição de macro nutrientes lowcarb, e dessa forma ver quais seriam os resultados.

Carlinhos

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