Porque resolvi estudar alimentação?

Durante muito tempo sempre tive algumas “ideias” sobre alimentação, porém sempre considerando que os profissionais mais habilitados para falar e prescrever como uma pessoa deveria se alimentar eram os nutricionistas/endocrinologistas/nutrólogos, isentei-me da responsabilidade de estudar o tema. 

Mas com o passar dos anos percebi que alguma coisa não estava certa! Eu via pessoas querendo emagrecer e comendo como é indicado pela maioria dos nutricionistas sem atingir seus objetivos, eu mesmo também tinha problemas com isso. Via também familiares e não familiares ficando doentes com as “enfermidades da idade”, que aparentemente tem como explicação o envelhecimento. Após o nascimento do meu primeiro filho, considerando que não deveria deixar a responsabilidade de como ele deveria comer somente com a pediatra e nutricionista resolvi estudar. Foi ai que descobri que quase tudo que é dito como verdadeiro pelos profissionais na realidade apresenta uma carência significativa de embasamento científico sólido. Nasceu então minha filha, então resolvi estudar mais um pouco, e comecei a apresentar as pessoas à abordagem que vinha desenvolvendo com os estudos, mas sempre com a ressalva de que nutrição não era minha área específica e que o ideal era consultar um “especialista”.

Um dia comprei pela internet um livro sobre hipertrofia muscular (http://emagrecerdevez.com/hipertrofia/), muito bem escrito e com fundamentação científica sólida, eu mesmo gostaria de tê-lo escrito. Quando li sobre o autor descobri que sua área profissional não era treinamento ou fisiologia, foi então que me dei conta! Sou formado na aérea da saúde, tenho conhecimento sobre anatomia e fisiologia, tenho pós-graduação em fisiologia do exercício, passei todo período da universidade trabalhando com o método científico, o que me impede de estudar e falar sobre esse tema? Procurei argumentos para não dar minha opinião sobre nutrição, não encontrei! Afinal de contas o conhecimento não é propriedade de nenhuma profissão, qualquer pessoa pode ir a busca dele. Foi o que eu fiz, iniciei a busca considerando dois pontos fundamentais: 1) Abordagem evolutiva e 2) Ciência baseada em evidências. É considerando os fatores acima que inicio postagens sobre alimentação.

Para aqueles que não sabem...eu além de professor de Educação Física...também sou instrutor de mergulho SCUBA...e já tive a oportunidade de mergulhar com tubaões...aproveitando isso resolvi usar os tubarões para iniciar a divulgação da minhas i´deias sobre alimentação.

Os registros arqueológicos1 referem que os tubarões são uma espécie que existe a cerca 300 milhões de anos (lembrem nos estamos aqui como espécie Homo a 2,5 milhões e como Homo Sapiens há 400 mil anos). O tubarão branco, uma das maiores maravilhas da evolução em minha opinião, está nos oceanos a cerca de 60-65 milhões de anos2, mesma época do desaparecimento dos dinossauros. Os tubarões brancos (Carcharodon Carcharias) que podem chegar a 10 metros de comprimento e pesar mais de 1 tonelada, existem a mais de 60 milhões de anos e conseguiram essa proeza sendo carnívoros, pois foi essa opção de alimentação que a evolução lhes propiciou. Nenhum tubarão branco come carne porque “adora” uma gordurinha e sim porque foi a esse tipo de alimentação que ele teve acesso e com ela evolui até hoje.

Agora pensem o seguinte! O que aconteceria se após o nascimento de um tubarão branco você resolvesse alimentá-lo com vegetais, grãos e alimentos sem gordura? Você conhecendo a história evolutiva de sucesso desse animal, faria uma mudança radical em sua dieta? Eu não faria isso! Pois a chance de que esse tubarão viesse a ter “graves problemas de saúde” seria muito grande. E isso com certeza aconteceria! Pois essa troca de dieta faria com que ele ingerisse nutrientes aos quais ele não está acostumado e faltariam nutrientes que se transformaram em essenciais durante 60 milhões de anos de evolução. Sério pessoal! Não parece um absurdo essa troca de dieta?!

Se usarmos o mesmo raciocínio para nós Homo Sapiens chegaremos à conclusão que nossa dieta atual é completamente diferente daquela que tivemos durante a maior parte da nossa evolução. Nosso ACC (ancestral caçador coletor) tinha uma alimentação estimada em cerca de 45-65% de alimentos de origem animal3 com significativa quantidade de gordura saturada4, os alimentos de origem animal podiam representar até 50% da sua ingestão calórica3 e uma ingestão reduzida de carboidratos, que correspondia a cerca de 20% das calorias de sua dieta3. Mesmo com uma ingestão elevada de alimentos de origem animal e consequente ingestão de gordura saturada4 e sem a ingestão de cereais5 (que somente passaram a existir após o surgimento da agricultura) as doenças vasculares como infarto e acidente vascular cerebral eram praticamente inexistentes4-5.  

Podemos então dizer que o ACC tinha uma alimentação que não incluía alimentos industrializados e praticamente todos os alimentos encontrados atualmente nas gondolas dos supermercados. Ele comia carne de todos os tipos, vegetais, raízes e algumas frutas e sua bebida era água, ao final do período Paleolítico com o surgimento da agricultura os hábitos alimentares passaram por uma mudança significativa, pois a partir desse momento os grãos e carboidratos passam a ter uma contribuição percentual maior na nossa dieta. Atualmente podemos dividir os alimentos em 5 grupos6:
1.       Pão, cereais, arroz e as massas;
2.       Leite e seus derivados;
3.       Vegetais;
4.       Frutas;
5.       Carnes, ovos e diferentes nozes e castanhas.

Nosso ACC e as tribos com estilo de vida primitivo contemporâneas praticamente não ingerem alimentos do grupo 1 e 2 (descritos acima) tendo como predominância na sua alimentação os outros três grupos. Como era a saúde do ACC e das tribos primitivas contemporâneas? A resposta é! Melhor do que a das civilizações ocidentais atuais.

Na alimentação contemporânea temos uma prevalência de alimentos industrializados e carboidratos gerando uma alteração hormonal ligada ao hormônio insulina e consequente relação com uma série de problemas de saúde7-8 como diabetes tipo 2, doença arterial coronariana, hipertensão, obesidade, dislipidemias (alterações nos diferentes tipos de colesterol). Além disso nossa alimentação atual, com excesso de carboidratos, também pode ser relacionada com Alzheimer9, câncer7, artrite reumatóide8 e autismo10.

Minha intenção é falar sobre detalhes dessa alimentação e fazer relações dela com exercício considerando uma abordagem de nutrição que pode ser chamada de Lowcarb e/ou Paleo. Para maiores informações sobre esse tema sugiro alguns sites e blogs:

Carlinhos 

Referências:

  1. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tubar%C3%A3o
  2. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tubar%C3%A3o-branco
  3. Cordain L, et al. Plant-animal subsistence ratios and macronutrient energy. Am J Clin Nutr.71:682, 2000.
  4. Prior IA, et al. Cholesterol, coconuts, and diet on Polynesian atolls: a natural experiment: the Pukapuka and Tokelau Island studies. Am J Clin Nutr.34:1552, 1981.
  5.  Lindeberg S. et al. Age relations of cardiovascular risk factors in a traditional Melanesian society: the Kitava. Am J Clin Nutr.66:845, 1997.
  6. Cordain L. The Nutritional Characteristics of a Contemporary Diet Based Upon Paleolithic Food Groups. JANA 5(3):14, 2002.
  7. Taubes G. Good Calories Bad Calories: Fats, Carbs, and The Controversial Science of diet and  Health. Anchor Books, New York, 2008.
  8. William D. Barriga do Trigo: livre-se dos quilos a mais e descubra seu caminha para a saúde. Editora WMF Martins Fortes, 2013.
  9. http://www.sciencedaily.com/releases/2005/08/050811105347.htm
  10.  http://www.collective-evolution.com/2013/06/30/boy-recovers-from-autism-by-removing-dairy-gluten-strong-evidence-links-vaccines-to-autism/#_

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